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31/03/2019

Distante



*

Distante

*
Vi que teus passos
curtos
não sabem esperar.
Vi
que tua chegada
é num tempo
distante,
quando não se via
as marcas dos pés
descalços.
Santo na alegria,
puro na incerteza,
belo no esplendor
do sorriso
largo.
Fica mais um pouco, 
este sol ainda não nasceu.
Reserva a claridade
para o despertar
em síntese.

                                           MR, 2010


Fotografia: Marli Reis, viagem

Segredos



*

Segredos

*
De tudo que hoje sei
teus segredos são
como pétalas de jasmim.
Tão doces, tão meigos
como um novelo de lã
como a brancura do algodão
como a transparência
da gota do orvalho
como a magia do sol
poente.
Tantas outras belezas 
que teus olhos já viram!
Vem, doce água luminosa!
Desperta tua música
na embalagem dessa alma
faminta
desses encantos que são
só teus
e por serem teus
tanto encantam!

                                                  MR, 2010


Fotografia: Marli Reis, "as formas na varanda"

O céu



*
O céu

*
Estava esperando
a esperança
neste universo
de amor
e cor
do tamanho
do alcance
desse brilho
nos olhos
e no coração.
Teu céu tem
tantas estrelas!
Tua presença,
uma chama boa
de fogão a lenha,
um sol que bate
em tua pele
e cala.
Nada 
mais nada
há silêncio...

                                      MR, 2010


Fotografia: Marli Reis, "o céu em Fortaleza"

Encantos



*

Encantos

*
Tivera oportunidades
ofuscadas pelos teus
encantos.
Oh, doce sufrágio
nesse refúgio
infinito
de rosas douradas
pelas tintas
do seu nome.
Nome, nome, repete
nos jardins.
Então traga a tigela
de barro.
Análises convergentes
em histórias
distintas,
em contentamento.

                                                MR, 2010/2019


Fotografia: Marli Reis, "pela janela"

30/03/2019

A verdade



*
A verdade

*
Serena folha da ciriguela
encostada nos laranjais,
diversa terra de quem ama
e amando coloca água
para crescer
os frutos.
Nesse crescer nasce hortelã,
bebe do coco a água
que não secou.
Silêncio na morada,
barriga de melancia,
cajarana amarela
cai
e o que mais
aprouver traz
consigo uma certeza
de que 
a verdade existe,
está lambida
no selo,
eu não me importo.

                                       MR, 2010/2019


Fotografia: Marli Reis, "pela varanda"

28/03/2019

Sonho



*

Sonho

*
De tantas noites,
o sonho vem
sonhando devagar
pelo cantinho,
um pouco dormindo
um pouco ouvindo...
era música de ninar.
Cheirava hortelã
essa face rosada
da maçã
meio clara na superfície
meio verde no início
do jogo
batata, goiaba, sua vez...

                                                 MR, 2010



Fotografia: Marli Reis, "flor na mesa"

27/03/2019

Reflexo



*
Reflexo

*

Não há o que temer
se tudo que agora
salta aos olhos é somente
o reflexo da tua ilusão.
O que embala dormente
as noites fatigadas
são as mãos ausentes
daquela generosa doação,
pequeno assovio
da calada música
guardada na boca.
É o triângulo tinindo
na dança que movimentava
os portões e portas diferentes.
Concretiza o ser no asfalto.
Prepondera o brilho
das garantias soltas
sem liberdade,
encontrará
a incoerência
irmanada com
a solidão
das ilhas.

                                              MR, 2010/2019


Fotografia: Marli Reis, Guaramiranga

Limite


*
Limite

*

Estava olhando
na mesma direção,
o limite não via.
Estava envolvido
em tua beleza, 
teus espinhos
eram profundos,
quase se podia ver
o abismo
além de teu percalço.
Estava escuro
ao teu redor,
o caminho
era reto,
o sonho dentro
do sono
acabou.

                                    MR, 2010


Fotografia: Marli Reis, "subindo a serra"

Cintilante



*
Cintilante

*

Escrevo em linhas retas
tudo que é doce e flutua
como a pele que desliza
em chuva de manhãs azuis.
Eu vejo o horizonte cintilante
de tal transparência
que acentua a idade
em teu sorriso de outono.
Este céu que eu também
faço chegar até os olhos
é simples palavra
lançada na linha 
reta, reta de amor.
                                          
                                                          MR, 2010/2019



Fotografia, Marli Reis, "a porta do quarto"

Horizonte



*
Horizonte

\\\\*

Quanto mais 
o balanço
do tempo
alcança alturas,
que desnorteiam,
mais a pele
na superfície
contra as cordas
e a madeira
seguem o ritmo
desse vento
solto,
cinza, sombrio,
pintado de amarelo
que se perde na retaguarda
do horizonte,
que marca o limite
onde não existe mais
calmaria,
onde as ondas não oscilam
onde os peixes não existem
onde o mar 
abandonou o navio
e a imagem
se perdeu.

                                              MR, 2010/2019


Fotografia: Marli Reis, pela estrada solta

Fragmento



*

Fragmento

*

Já não é 
sem tempo
de chegada,
de partida
a sonolência
do despreparo
antes mesmo
do acréscimo
em fontes
desaguadas
nessa torrente
de inúmeras
conchas.
E tudo gira
ao redor
de tudo.
Seu olhar
 fragmento
de luz
à distância
num só fôlego...
Nem mesmo
sei desse
andarilho
pelas esquinas
do mundo.
Seguiu
sem fim.

                                MR


Fotografia: Marli Reis, a borboleta

26/03/2019

As ondas



*

As ondas

*

Você ouve um som
e lembra das flores
brancas na mesa
a espera do teu corpo
debruçado para sentir
o beijo das pétalas
e a tua boca em silêncio
a repetir o gosto
do passado naquele
canto dos galhos
em flor de todas as cores
de amores,
de abraços,
de carinho
na ponta dos dedos
das mãos em aceno
cor de rosa
onde os espinhos
resultaram inúteis
por causa das pegadas
apagadas pelas ondas
do mar
de azul,
de céu,
de estrelas
perdidas
para te encontrar.

                             MR



Fotografia: Marli Reis, flores em Guaramiranga

A onda



*

A onda

*

Começa por querer rimar
teu nome.
Essa busca não existe,
não há comparação.
Se buscasse um eco 
já seria a solução.
Vem sem medo,
só há movimento
entre amigos
nas montanhas.
Repara nas rodas
e atrito nas pedras...
Ninguém pode 
impedir teu mergulho
nesse mar,
esse mar é teu
e balança para te
embalar
mesmo quando
nenhuma onda
se mostra esperta
para acordar.
Vem!

                                           MR



Fotografia: Marli Reis, flores em Guaramiranga

Sementes



*

Sementes

*

Aproveita esse pedacinho
de canto na varanda
banhada de lua.
Já os bem-te-vis silenciaram.
Abrigam-se nos ninhos,
aquecem os filhos
da terra.
Logo os raios da manhã
chamarão para mais 
um dia
de procura por sementes
feitas de amor.

                                          MR




Fotografia: Marli Reis, flores em Guaramiranga

Anjo



*
Anjo

*
Era um anjo
em voo certo.
Estava anoitecendo
nessa lua dourada.
E mais uma vez
ouvi você chamar
entre frutos caídos
ao chão.
Os ninhos feitos 
e refeitos
abrigavam o esplendor
da natureza
e comungava
dessas coisas
que não se sabe ver,
só ficar em silêncio,
mais nada.

                                              MR

                 


 Fotografia: Marli Reis, flores em Guarmiranga

25/03/2019

Do alto



*

Do alto

*

A grandeza das estrelas
vista daqui
bem perto do calor
das mãos,
está no abraço
de luz e força
para dizer do amor.
Enquanto a Terra gira, 
aqui as dúvidas
flutuam
submersas a respirar
o ar em oferenda
à vida.
E esta é escassa.
Quando falta água,
falta solo
e cascata
para o banho
das manhãs
das margaridas
no bico
do beija-flor.

*
                                 MReis
                                                                                                               Fotografia: MReis

13/03/2019

O quadro


Fotografia: MReis

*

O quadro

*

As horas num instante passam correndo,
levam as pétalas das orquídeas
inertes.
Pudesse esquecer, não queria.
Pudesse me ausentar, não faria.
Hoje o que fala, diz de mim
debaixo desse sol amarelo
na tarde depois do almoço,
quando o cheiro da água
do chá chegou no quarto
e a metade da janela se abriu
era o inquieto na colina
perdido no horizonte
do olhar lançado para fora,
enquanto a música chegava
e impiedosa lançava
suas ondas nas lembranças
das jabuticabas e pitombeiras
no meio do mato.
Eu volto para perto
das tuas mãos
pintando o quadro
do entardecer.

                                              MReis
*



Esse sonho


Fotografia: MReis

*

Esse sonho

*
Disparado o coração
se aquieta
na mão pesada
sustentando o amor.
Que combinação 
é esta? De maciez
com força de músculos
estava parada a varanda
no silêncio da chuva
que já foi
enquanto os sussurros 
do vento
sopravam nas folhas
em balanço.
Quisera ter o teu olhar
parado sobre o meu
em tensão de espera.
Não teria o risco
de fuga
nem precisaria ter.
Já é meu o significado.
Já é teu o meu signo.
Então só, não é verbo.
É pressa em conjugar
esse sonho de depois.

                                                      MReis 
*