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31/05/2023

Presença

 

                        Fotografia: Marli Reis 
*

Presença 

Transparece na alma leve 

a suavidade das águas 

dos rios,

a sensatez dos ninhos

dos pássaros,

a ternura da brisa 

em dia claro 

de sol.

Do outro lado,

o corpo atento, 

sentado, aguardando o trem

na estação sem cores definidas.

Em volta, o vento

carregando folhas secas, 

girando.

Bastou a leveza se mostrar

para que a chuva caísse 

e os botões de flores 

se abrissem 

e o milho verde pipocasse 

na panela de barro,

virando doce a presença.

Traz a chuva novamente!

Deixa o braço por perto!

Fala das estradas 

por onde o tempo descansou!

Ensina a ouvir as cigarras

ao entardecer.





22/05/2023

Caminhos

 

                          Fotografia: Marli Reis 

*

Caminhos 


Meus caminhos pulsam 

procurando cidreira para colher 

antes do anoitecer

a fim de cobrir com sua essência 

os lençóis de algodão.

E ficar debruçada na janela 

contando as estrelas 

refletidas nas gotas do orvalho

é preparo para o encontro 

com a luz do sol 

de brilho intenso.

Meus caminhos pulsam 

com o canto das andorinhas 

ao entardecer

festejando a chegada 

do calor das mãos 

de quem ensinou 

a calar e agradecer.

Meus caminhos pulsam 

em tranquila descoberta 

de que a espera 

de outro caminho 

cessou.


                                    *








25/04/2023

A porta

 

           Florianópolis, fotografia: Marli Reis.

*

A porta

No alto, o azul claro do céu,
ao lado, as folhas
suavemente aquietadas.
Uma brisa leve
de gosto de noite se aproxima…
A varanda em permanente calma
aguarda o momento da chegada…
Toda beleza do espaço
para se contemplar,
toda a magnitude do corpo
para movimentar a sala
da alma, límpida, brilhante.
Alegria como prenúncio
de um abraço,
desses que ficam
mesmo quando o passado
já está longe.
O olhar imóvel diante
da lembrança da beleza
vinda do amanhecer
entrando pela janela.
Por dentro do ser,
uma orquestra estava pronta.
O corpo, diante da imensidão
do universo, cala-se,
e diante do mar
com as ondas que vão e vem
balançando a vida, perde-se.
Quando era inverno na alma,
o encontro trouxe o calor do sol
e a certeza de que a porta
permaneceu aberta.

*