06/04/2019
Teu corpo (III)
*
Teu corpo
(III)
*
Sento para ouvir
os pensamentos em burburinho,
encontro as imagens da tua boca
a gargalhar
sombria e ardente
de pimenta malagueta.
Não foge à luta homem bonito,
salta teu corpo forte
no inusitado da espera
na parada do ônibus
de volta para casa.
Tua imagem
perdida na luz
se afasta
quando quer
se aproximar.
Tem respostas sem perguntas
no teu coração
tranquilo
de gente
que acordou
do sono
de depois de amanhã.
Limpa a vista lacrimejada
na partida,
não é possível rimar
os dois tempos passados,
o que tem
é o que está na porta
a esperar o relógio
marcar tua indecisão.
MR
Fotografia: Marli Reis, "claro/escuro" (III)
Teu corpo (II)
*
Teu corpo
(II)
*
Há calmaria no silêncio,
movimentos de pernas
no caminho;
há silêncio na calmaria,
sem, contudo, movimentos
calmos;
há sorriso de menino
gigante nas atitudes
do vir a ser;
o futuro já se mostrou
sabedor das coisas
sem nexo.
Não adianta querer encontrar
penas de pavão
onde existe a jaula,
a coroa de espinhos ferindo
lenta
os lençóis na mesa.
Não há pressa na certeza
de tantas negativas
para encontrar
a afirmação do encontro.
Qual seria a probabilidade
desse despertar
de paixão?
Vamos calcular
e encontraremos
a multiplicação dos pães
no jantar
de dois.
MR
Fotografia: Marli Reis, "claro/escuro" (II)
Teu corpo
*
Teu corpo
*
Entrando assim em outra
vida
sem pedir licença
sem pensamentos
estarrecidos e inalterados,
foi o que restou
desse caminho
torto,
de curvas
intensas.
Saberia o que é teu
e meu,
não calaria o fôlego
de uma vida só,
afastaria os delírios
às avessas,
sentiria o que o corpo
estava destinado a sentir
não hesitaria
nem um minuto,
se existisse a maldade
em teu ser gentil.
Considera o porvir,
considera o desejo
considera, ainda assim, o silêncio,
e não considera
a escuridão,
as estrelas perdidas
no coração, batendo,
até não mais bater.
MR
Fotografia: Marli Reis, "claro/escuro"
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